terça-feira, 7 de julho de 2009

Orestes


Quem roubou, em laicos interstícios, teus
heróicos lamentos, agora pios e murmúrios que,
na cidadela das almas, nem buscas ecoar?
O esquecido inefável ainda figura, à espera
dum mergulho inebriado; para esvanescer,
no vácuo, o último dos tiranos.

E a quem gritar tão vêemente elegia, se, porém,
entre a legião de anjos, apenas um rizoma,
e um graúdo burlesco, suspendem epifanias?
As ruínas de teus reinos não restam, pai,
senão às pretensas orações, às centelhas
de traições, aos amanhãs perdidos.

Onde estás teu filho, o imigrante, e pretende ele
retornar à casebre abandonada, às velhas amarras
da Eternidade, ainda para um dia a mais somar?

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