sábado, 23 de maio de 2009

Canto de Reconciliação


Do cenáculo nos portos radiantes, as rapinas bailam.
Os ensaios de dias turvos são menores
do que passeios tardios nas varandas da Boa Vista.

Nos rochedos do velho farol, um último mergulho neutro.
Brutas lágrimas enterradas em jardins secretos.
Os cantos de veraneios plenos debulham todo açucar.

Mas te vi, estrangeira, e quis ser menos velho
Do que rugas macias. E brincavas com as formigas,
jabuticaba em teus pés, divertidas guernicas!
Quem eramos nós antes da tempestade?

E teu vestido de flores, ensaboado de indagações.
Roubei dele um girasol, tal qual ladrão que se esgueira
invisível. Ainda que sob nuvens a tarde esteja,
e tu desconheças quem te espreita,
guardarei-o para sempre de recordação.

Airosas vozes entoam o reconcílio
da História: nas janelas de toda mansão,
nas sarjetas de cada calçada,
no rumar de um breve amanhã.

Entrego-lhe os mapas que fiz da cidade
Com rasuras a explicar o sentido dos dias
Para que explique a temperança dos pios.
Na madrugada, os fogos de artifício
lançam calmas curiosidades:

Quem eramos nós, mais que órfãos desolados?
Antes da tempestade?


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