quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Comentário do Festival II

Les Herbes Folle – 7/10 – Uma boa repetição. Resnais não faz nada de novo. Mas não precisa fazer nada de novo para o ingresso valer a pena. Seu modo de narrar é vigoroso. Por vezes, se perde. No todo, uma experiência agradável. E nada mais. (Destaque negativo para a projeção. Scope em rain 1.777 não tem condição. Num filme onde enquadramentos e movimentos de câmera tem função narrativa tão importante, isto é imperdoável.)

Sede de Sangue – 5/10 – Uma triste repetição. Chanwook sabe muito bem o mecanismo que executa, e o executa até com certo rigor. Mas comete os mesmos erros de sempre. Um filme sobre sangue. De um lado, o vampiro humanista e íntegro que bebe sangue por necessidade. Do outro, a vampira que o bebe por diversão, desafio, e senso de superioridade (e a que usa tênis americanos). Chanwook defende que o sangue só deve ser bebido em última instância, por necessidade. Mas sua direção tem como foco uma certa ironia cínica em relação à violência. Uma contradição que não se resolve. E um coreano jogar os EUA no meio de maneira tão superficial é de uma canastrice inaceitável. Não sei porque deixei um amigo me convencer a trocar o iraniano por este.

Erótica Aventura – 9,5/10 – Uma brilhante repetição. Observar alguém que vai até o inefável. Observar os corpos femininos encontrando as estrelas dentro de si mesmas. No fundo, Brisseau não está renovando o seu cinema. Ao contrário, está levando a um ponto limítrofe. Este ponto é o lugar refinado onde vemos o que é o seu cinema com mais pureza – Anjos Exterminadores já havia dado um passo nesta direção. Ao mesmo tempo, nos deixa com um medo absurdo de que, de tanto refinar o que já está refinado, tudo se esgote. A meu ver, Anjos Exterminadores já corria este risco. Aqui, assumir este risco e sustentá-lo eleva a obra a uma genialidade monumental. Ambos ainda se seguram. Temo por seu próximo filme. Pois todo cinema tem um limite até tudo se desfazer. Mas não olhemos Erótica Aventura com pessimismo: saí do filme assombrado. Ainda que prefira Celine ou Indigentes do Bom Deus, encontrei-me frente a uma estranha obra-prima onde qualquer um terá dificuldades de demonstrar de onde vem seu vigor absurdo (um vigor que nem todos sentem, por sinal). Perdeu meio ponto somente pela repetição. Só Denis realmente levou seu cinema adiante, só ela merece um dez.

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